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Legalidade da Majoração da mensalidade(prêmio) em razão da faixa etária
(tempo de leitura 8 min.)

Legalidade da Majoração da mensalidade(prêmio) em razão da faixa etária

Um tema que esta sendo questionado no âmbito judicial é a legalidade da majoração do valor do prêmio (valor pago à seguradora, normalmente de forma mensal) quando ocorre o chamado reenquadramento pela faixa etária. Conforme julgado abaixo do STJ – Superior Tribunal de Justiça, que se posicionou no sentido de sua legalidade, destacando a exceção quando no contrato de seguro de vida houver outra forma de distribuição de compensação do aumento do risco, em razão do envelhecimento do grupo segurável. No entanto é necessário que se faça uma análise individualizada de cada caso, pois não obstante ser possível a majoração por reenquadramento em faixa etária, esta não poderá se dá de forma arbitraria com majoração abusiva, impossibilitando ao segurado manter a contratação do seguro em razão do alto valor o qual será compelido a arcar.
Veja o julgado abaixo. Dúvidas sobre o tema? Estamos à disposição em nossos canais de atendimento.
Jurisprudência
TERCEIRA TURMA
PROCESSO: REsp 1.816.750-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por maioria, julgado em 26/11/2019, DJe 03/12/2019
RAMO DO DIREITO: direito civil
TEMA: Contrato de seguro de vida. Cláusula de reajuste por faixa etária. Legalidade.
DESTAQUE A cláusula de reajuste por faixa etária em contrato de seguro de vida é legal, ressalvadas as hipóteses em que contrato já tenha previsto alguma outra técnica de compensação do "desvio de risco" dos segurados idosos.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR Inicialmente, observa-se que o fator etário integra diretamente o risco tanto do contrato de seguro saúde quanto do contrato de seguro de vida, pois é intuitivo que o avanço da idade eleva o risco de sinistro em ambos os contratos. Para suportar esse "desvio" do padrão de risco as seguradoras se utilizam de diversas técnicas de gestão de risco. No caso dos seguros/planos de saúde, a legislação impõe às seguradoras uma técnica que mais se aproxima da pulverização do risco, pois o "desvio de risco" verificado na faixa etária dos assistidos idosos deve ser suportado, em parte, pelos assistidos mais jovens, numa espécie de solidariedade intergeracional. Por sua vez, no âmbito dos contratos de seguro de vida, não há norma impondo às seguradoras a adoção de uma ou outra técnica de compensação do "desvio de risco" dos segurados idosos. Ante essa ausência de norma específica para a proteção dos segurados idosos nos contratos de seguro de vida, a jurisprudência da Terceira Turma vinha aplicando, por analogia, a norma do art. 15 da Lei dos Planos de Saúde. No entanto, a analogia com a Lei dos Planos de Saúde não parece adequada para a hipótese dos seguros de vida, porque o direito de assistência à saúde encontra fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana, ao passo que o direito à indenização do seguro de vida não extrapola, em regra, a esfera patrimonial dos beneficiários desse contrato. Feita essa distinção, não se encontra no ordenamento jurídico norma que justifique uma declaração de abusividade da cláusula contratual que estatua prêmios mais elevados para segurados idosos, como forma de compensar o desvio de risco observado nesse subgrupo de segurados. Uma vez eleita essa forma de gestão de risco, eventual revisão da cláusula para simplesmente eliminar o reajuste da faixa etária dos idosos abalaria significativamente o equilíbrio financeiro do contrato de seguro de vida, pois todo o desvio de risco dos idosos passaria a ser suportado pelo fundo mútuo, sem nenhuma compensação no valor do prêmio. Conclui-se, portanto, pela legalidade, em tese, da cláusula de reajuste por faixa etária em contrato de seguro de vida, ressalvadas as hipótese em que contrato já tenha previsto alguma outra técnica de compensação do "desvio de risco" dos segurados idosos, como nos casos de constituição de reserva técnica para esse fim, a exemplo dos seguros de vida sob regime da capitalização (em vez da repartição simples).